A Editora Eiros prioriza neste segundo semestre de 2023 a apresentação de novas iniciativas que fortalece um de seus propósitos base: o investimento na divulgação dos países de África no Brasil e das dinâmicas relacionadas à diáspora africana e a afro-brasilidade. Nesta entrevista o Diretor Executivo, Felipe Locatelli, é convidado a expor as novas propostas para o momento atual, onde o Brasil amplia seus investimentos e conexões com os países em África.
Qual é o conceito de afrocentrado?
Um dos primeiros textos que expressam o conceito de afrocentricidade se encontra nos trabalhos do educador Molefi Assanti. Cabe ressaltar que este termo remete a outros conceitos há muitos trabalhados, tanto nas universidades africanas como em reverberação em outros continentes. O pan-africanismo, o afrifuturismo e afrofuturismo, o afro-pessimismo e o afro-otimismo, história e ancestralidade, a diáspora africana, as teorias da negritude, entre outros, estão entre os conceitos que se apresentam prementes desse contexto. Há uma imensa gama de pesquisas acadêmicas produzidas e em andamento, o mesmo para a produção de publicações, documentários, filmes em cinema, artes, festivais, enfim, inúmeras iniciativas inovadoras em processo.
Então, há demanda para estes produtos e inovações?
Observe alguns dados comparados. No Brasil, a poucas décadas atrás, nem 20% da população brasileira se declarava negra nos dados estatísticos oficiais. Nos últimos apontamentos, entre 54 e 56% da população se declara preta ou parda, isto é, negra e afrodescendente. Se você raciocina no contexto de prestação de serviços públicos ou privados, na dinâmica de mercado ou mundo do trabalho, temos uma comparação simples, se o Brasil possui, estimando, 215 milhões de habitantes, decorre que aproximadamente 116 milhões de pessoas são afrodescendentes. Uma população imensa, consumidora e cidadã, produtora de conhecimentos e ávida por produtos e pertencimento. Quem não olha com carinho para este segmento está desconectado da sociedade.
Mas, no caso da África, a maioria das mídias nacionais expressam que é um continente empobrecido, carregado de conflitos e fragilidades?
É chocante a estereotipação que se proliferam no Brasil em relação ao continente africano. Com suas produções, parcerias e publicações, a Editora Eiros se propõe a somar às iniciativas que desencorajem esse olhar de desalento e inação, para promover a perspectiva de mostrar a África não divulgada. A África pujante, em processo firme na consolidação de suas nações, de força e desenvolvimento econômico, cultural e social. Assim nasce o projeto “África Atual”, com o site www.africaatual.com.br, com o youtube “África Atual TV” e com a publicação, agora em lançamento da segunda edição do “Atlas Geocultural da África”.
Interessante, comente algumas resultantes desse movimento?
Há inúmeras empresas, prefeituras, universidades, organizações sociais e protagonistas da comunidade brasileira e africana aglutinando-se em torno deste novo paradigma que a África oferece. A Editora está satisfeita com as resultantes obtidas e com as adesões ao projeto, sempre que ele é apresentado em palestras e eventos. Por exemplo, neste ano nós promoveremos dois novos autores, o Prof. Simão de Miranda, com o livro “A história de Zuri”, com o eixo temático sobre preconceito e racismo para crianças, em formato contação de história. O outro é o Mestre de Capoeira, Sidney de Jesus, com o livro “As aventuras de Besouro Mangangá”, que cria a história baseada na infância do herói brasileiro “Besouro Mangangá”, uma das referências pioneiras da capoeira no Brasil, e, que em 2024 se promoverão celebrações de 100 anos de seu passamento.
E no caso da 2ª edição do Atlas, quais são as novidades?
Neste livro, o Prof. Odair Marques da Silva, autor, proporciona a inclusão das bandeiras de cada país, a pedido das crianças que leram o livro, promove também a atualização das populações, e a inclusão das datas de suas independências, muito importante para a reflexão em sala de aula. Além de lindas fotografias de suas capitais, impactantes pelas modernidades apresentadas. As pessoas se surpreendem pelas belezas africanas demonstradas e, nesta recém lançada coletânea, ao adquirem os livros, sempre expressam a satisfação em possuí-los, tanto relacionadas às abordagens dos textos como às qualidades da produção gráfica.